Pedido a Morte
Oh morte
Chamai atenciosamente
Em pastos sombrios e repugnantes que és vossa onipresença
Limpando tudo o que há de vivo
Terminando tudo, trazendo a paz ou a perturbação
Não há ninguém que irá entender
Nunca vai haver alguém
Mesmo que a terra granulada de um cemitério revigorante
cobrir meu rosto
Mesmo que o manto sagrado de vossa senhorita morte me cobrir
Nunca haverá alguém que entenderá
O que há de ser dessas almas que vagam nesta terra vasta?
Que assombrai-me todos os dias, pequeninos demônios a vista
Um por do sol ao qual jamais compartilharei
No fundo, neste final promissor que é caminhar entre os
mortos
Na terra sombria e mórbida de nossos destinos pós morte
Peço a minha jovem donzela morte, que me abrace
Gentilmente com seu corpo frio e desconfortante
Tudo que há no coração
Gritando de alguma forma para sair
Toda a minha dor, torna-se angústia então
Que alimenta meus desejos de suicídio
É tão angustiante e perturbador, pensar em miséria e em
futuros próximos
Pensamentos de infância, de poder ter família
Desperdiçados, as minhas lágrimas
Escorreu sobre meu corpo
Como uma chuva tenebrosa
Em versos tão fúnebres
Que faria o mais rude e cruel
Desmanchar-se em lágrimas
Os céus nublados e escuros, me acolhem como uma alma perdida
Repugnante, enquanto o chão branco de ontem
Puro e solitária
Tem de sua companhia sangue que escorre de pulsos cortados
Queria ser imortal, mas serei lembrado apenas como nada
A vontade de ser alguém me transformou em ninguém
Os desejos mais macabros tomou minha mente
Dor e tristeza me acompanharam nesta jornada angustiante que
é a vida
Havia orações que eram feitas em vão
Havia risos nas noites de melancolia
Em que me afogava e pedia ajuda
Me afogava em mágoas passadas e futuras
Eu sou horrível e cruel
Uma carcaça podre tentando se regenerar
Nada mais é isso tudo
Um mundo frio ao qual todos os dias imploro para deixar
Em um mundo tão frio que apenas as minhas lágrimas me
aquecem
Não há abraços
Não há amor
Não há alegria
Raramente fui abençoado
Mas eu tenho poder
Inigualável és tua beleza
Morte...
A salvadora, aquela que leva os angustiados
Como eu...
Adormeço com os ventos gelados que atravessam a minha janela
Com os pingos de chuva que me queimam como ácido
Molhando-me
Fazendo-me patético
No fim todos somos
Oh morte, chamai-me
Com suas canções tristes
Que me fazem bailar sobre os ventos frios
Tocai-me e jogai-me nesses rios profundos e escuros
Onde as bestas, devoram a minha alma
Fazendo-me sofrer
Oh morte
Abençoada, chamando-me
Para o abismo
Eu o encaro
Eu quero pular
Mas meu silencio
Me faz tremer
Em tristezas tão profundas, eu vejo imagens felizes
E a dor, nunca foram reais, mentiras de quem está em volta
Jamais verei as estrelas novamente
Pois nesta carta eu escrevo minha morte
Jamais me deitarei para ver os céus azuis
Pois agora estão cinzas como seu olhar
E morri
Eu nasci morto
Mas queria ser vivo
Eu via poeira, meu coração há apenas poeira
Que batia lentamente, com minha alma machucada
Havia uma ruptura no sol
Que fazia meus olhos queimarem
Não há ninguém que entenderá minha angústia
O que há dentro de mim
Toda a minha escuridão
Carrego dentro de mim algo destrutível
As minhas lágrimas aquecem meu corpo gelado e morto
Não há mais vida
Tudo está morto...
Poderia escrever para sempre a minha dor
Mas ninguém entenderia
São versos poéticos
ABRACE-ME MORTE
E LEVE-ME
BEIJE-ME COMO UMA AMANTE TRAIÇOEIRA
NÃO HÁ LÁBIOS EM VOCÊ MAS EU OS DESENHAREI
JÁ NOS ENCONTRAMOS ANTES
E VOCÊ NUNCA ME LEVOU
TIRE-ME ESSE DESESPERO
MORTE
LEVE-ME DAQUI
ME SALVE POR FAVOR
Tire-me desse mundo frio
Essa vida morta, já havia me matado
Quero sentir seu toque novamente
Eu sinto sua falta
E nada, se compara a tua beleza
Eu a cortejo como minha amante
Abra minhas asas
E me faça voar como nunca
Sobre a lua de vidro
Nessa tempestade cortante
Que me faz querer lutar
Que corta-me
Liberte a minha alma perturbada...
Já não há mais lágrimas
O que me resta a chorar agora
É apenas o meu sangue
Imundo e demoníaco sangue...
Meu coração está querendo paz
Adormecer então nas trevas
Para sempre, e jamais ser perdoado
Seria imortal após seu toque
E então dormirei para sempre
Assim como você me prometera uma vez
Eu deixaria tudo sem olhar para traz
Eu estou amaldiçoado
Vossa senhorita sabe
E vossa senhorita me libertará deste pesadelo
Eu não suportei todos esses sentimentos
Apenas queria alguém comigo
Amor...
Me leve embora...
Deixe-me morrer nas trevas em fim, como sempre desejou...
0 comentários:
Postar um comentário