segunda-feira, 24 de março de 2014

Talvez devo apenas chorar...







Talvez devo apenas chorar...

Lembro-me vagarosamente de um sorriso no escuro
O escuro onde eu vagava com melancolia
E em um dia enquanto andava, avistei ao longe
Uma estrela a me chamar
Me chamando, tão longe, de uma maneira tão doce, e meiga
Quando me aproximei
Logo foi tomando a forma de uma jovem
E que bela jovem, de feições tão delicadas
De lábios tão perfeitos, e olhar mais encantador
Aqueles lábios fechados, logo se abriu em um belo sorriso

Um sorriso que encheu minha alma melancólica de alegria
Meus olhos encheu-se de lágrimas, e logo minhas mãos rasgaram o meu peito
Arrancando-me o coração, ao qual eu entreguei a ela
Que foi acolhido com ternura, aquecendo-o
Fazendo o gelo em sua volta derreter aos poucos...
Minha estrela... que saudade tenho...
Quem dera poder escrever que tínhamos ficado para sempre
E que nós flutuamos até a imensidão do universo frio
E por lá ficamos apenas nós dois para todo o sempre

Mas tenho, mesmo que possa ser mais doloroso
Tenho que aceitar essa verdade perturbadora
Devo me lembrar daquela noite...
Em que em meio aquelas doces melodias tocadas a você
Rasgando-as no meio com brutalidade
Ouvia-se gritos de uma mãe em desespero
E de um monstro a tentar lhe cortar a carne macia
E de seus olhos, eu via pequenas joias celestiais escorrer em sua pele branca
Acompanhando-as, elas me revelaram cicatrizes esquecidas
Onde um monstro havia a lhe tocar...

De repente, entre nossos ambos desesperos
Quando a vi aflita, lamentei por estar longe quando você mais precisou de mim
Neste dia, meu desespero me cobriu por inteiro
Neste dia, eu vi navalhas dançarem em seus pulsos
Fazendo com que um belo rio vermelho escorresse por eles
E se encontrarem no chão frio como uma bela cachoeira
Via tudo isso, e então percebi que o que foi retalhado neste dia
Não foi apenas seus pulsos
Mas sim meu coração que estava em vossas mãos...

Com lágrimas ardentes escorrendo em meus olhos
Via seu brilho esvaindo-se junto com minha felicidade
Vi pela ultima vez o brilho de seus olhos a me encarar
E vi seus doces lábios proferindo três palavras...
Que foram apenas ouvidas por meu coração quase morto
Mundo injusto... Onde seres bons morrem...
Onde são amaldiçoados por serem bons...
Imóvel, me encarando, era apenas isso que via desde então...

Fecho os meus olhos, todas as noites e lembro-me deste dia
Onde via pela ultima vez a minha estrela
Onde via aquela pele perfeita
Onde via aqueles belos olhos, e belos lábios
Onde os via, com vida
Que agora, são apenas lembranças mórbidas...
Lembranças trancadas em minha mente moribunda
E dentro de uma caixa de madeira podre
Onde a escuridão contempla o seu rosto podre
Sua pele putrefata cheia de vermes a devorando...
A mesma escuridão, que me acolhe
A mesma escuridão que me acompanha sempre...
A escuridão que escondo em minha máscara...
Debaixo da imagem irônica que criei
Onde espero o sublime beijo da amada morte
Para que nos encontremos mais uma vez
E que dessa vez, não estejamos sozinhos
Não, nós não estaremos...
Pois estaremos com velhos amigos...
Aos quais contemplei também por um dia, por uma ultima vez
Seu sorrisos alegres, me dizendo que tudo estaria bem
Alegro-me apenas de imaginar, seus sorrisos novamente
Me dizendo que agora, tudo está bem... e que a dor do mundo frio, se foi...
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