sábado, 12 de julho de 2014

Desejos de vosso demônio favorito





Desejos de vosso demônio favorito

Minha querida você sabe quem
Sabes mais que a todos o quanto penso em vossos lábios
Sim, a todo o momento, não me nego a lhe dizer
Ah, sim... Sonho ainda em possuí-la apenas para mim
Sonho com o dia, em que você, minha bela jovem intocável
Caísse sobre as graças de meus braços
Aos quais anseiam por vosso abraço

O quão irônica pode ser a vida
Ria, apenas ria, e lembre-se
Lembre-se de todas as vezes em que trocamos palavras poéticas
Em uma neve imaginária
Onde haviam corpos por todos os lados
E tal neve, gélida e tão linda quanto vosso rosto
Era de tal forma decorada pelos cadáveres ensanguentados
Mesmo isso sendo apenas um desejo de nossas mentes mórbidas
Tão bela estava tua imagem, com todas aquelas manchas de sangue,
Espalhadas em vosso rosto juvenil

Peguei um daqueles corpos gélidos
Bailei com eles sob a neve enquanto minha donzela me encarava
Por que vossos olhos tremulavam como a mais doce das penumbras infernais?
Passamos então, de uma cena pútrida para uma sala de jantar
E seus olhos doces como joias polidas de El Dourado
As joias intocadas, as quais desejo...
Tu ficastes indignada com a refeição
Preparada com tão bom grado a tu, minha bela e amada
Será?
Perdoai-me, por favor
Vossa mãe não agrada vosso paladar?
Mas a mim... Sim, agrada
Sua carne adocicada e dura, a qual mastiguei com a mais pura vontade
Saboreando cada vez mais a cada mordida...

Chorai meu belo amor, chorai
Saboreio-me também com tuas lágrimas
Salgadas, ao ponto, saboreando-as assim como tua pele macia
Sua expressão é marcante
Implorando a morte tão educadamente
Fazendo meu coração pulsar ainda mais
E com uma chance, permito que mate-me
Não era vosso desejo?
Cortar minha cabeça a sangue frio? Pois ambos somos assim

Tu! Condessa!
Negaste tua natureza insana e perversa
Deixe-a florescer, como tu fizeste a minha
Arrancai o coração daquele que tu amas
Devorai-o sem remorso ainda pulsando
Ou prepare-o de maneira refinada, assim como anseio preparar o seu...
Imagine-se naqueles sete minutos cruciais
Em que ficaria sobre a mesa observando-me devora-lo
Enquanto ouvimos uma bela musica de amor?
Com velas ao nosso redor, a enfeitar ainda mais o chamado “clima”
Ou imagine-se, ao meu lado, pois preciso de ti para mim
Mesmo odiando-me, mesmo querendo meu sangue em suas belas lâminas
Imagine-se uma vez, arrancando a pele daqueles  que a perturbam

Ouve-se ao longe as canções entoadas para nós
Com espíritos bailarinos a nos ver
Devorando a carne de nossos inimigos
Bebendo o mais refinado vinho
Ou então, mesmo que ainda permaneço com tais desejos...
Pelos deuses... O que me tornei?
Estou a todo o tempo ansiando torturar
Estou a todo o momento ansiando cortar aos poucos a carne daquela que amei
Por quê?
Desejos mórbidos como a minha mente
Desejos que me fazem cair em gargalhada
Como em um teatro de sombras macabro
Onde há de se ver aos montes os cadáveres a saltitar
Onde há de se ver minha condessa crucificada ainda nua
Com suas feridas abertas a escorrer o sangue adocicado e vermelho

Suas lágrimas escorrendo em vosso seio
Uma cena de tamanha magnitude
Poderia retira-la e salva-la
Entregando-lhe um abraço terno
Mas permita-me dizer
Que meu desejo é preencher vosso cadáver de belas flores
De lhe permanecer jovem a mim, sorrindo como nunca
Preservando sua magnitude
E o que sobrar de seus interiores
Abençoar-lhe a honra de fundir-se a mim
Estaria honrada por lhe entregar tal beleza?

Claro que estaria...
Por quê minhas lágrimas caem?
Tu disseste que eu sou um demônio
Mas não...
Nós somos os demônios
E você vive a me dizer que ainda prefere negar o que somos?
Perdoai-me minha condessa
Tu fostes aquela mais perversa
Arrancaria meu coração se pudesse
Mas um dia lhe darei a graça de corta-lo em pequenas fatias
E poderíamos nós come-los juntos?

Embora não tenha sido sincero por completo
Pois tu sabes como sou
O meu ser interior se agita mais quando falo com vós
Mas regozijaremos juntos de nossas companhias
Mesmo que acabemos juntos brincando com nossas facas
Mesmo que ambos acabemos nos esfaqueando
Permaneceríamos vívidos um ao outro
Pois tu sabes mais que ninguém
Que esse ser de alma mórbida e poética
Jamais a deixaria ir embora
Como jamais a deixaria
Pois ainda um dia, cortarei sua sublime pele...
E com o sangue a escorrer
Minha condessa... Lentamente, sua faca entraria em meu abdômen...
E finalizaríamos nosso balé perturbador
Quando vosso sangue escorrer em minha
garganta
E com isso, mesmo após a morte...
Brincaríamos nas chamas das trevas
Fervendo nossas almas pecadores
Aos pés do adorado e maldito...

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