Advertência
A história a seguir é um relato
psiquiátrico, baseado em encontros e pensamentos de um paciente para com o seu
médico.
Qualquer relação com sua vida pessoal, ou identificação para com os personagens, é aconselhável que pare sua leitura
para seu próprio bem. Tal preocupação é com a sanidade mental, não daqueles a
qual aqui citamos, mas sim com aqueles a que leem esse arquivo.
Primeiro
encontro
Uma sala branca, apenas duas cadeiras com uma delas
reclinável, ambas brancas, nas paredes há quadros de diversos tipos, alguns
alegres, outros também enigmáticos. Uma próspera paz é identificada nesta sala,
em uma mobília perto do fundo da sala há um toca cd’s, uma calma melodia de
Mozart toca, e sentado em uma das cadeiras, a qual está redirecionada , uma
mulher branca de longos cabelos castanhos bem claros, seu olhar é bastante
calmo, usa roupas bonitas e elegantes, uma saia até os joelhos e um tanto
justa, e uma blusa vermelha bem apertada com colares de diversos tipos.
A porta a frente dela é aberta, uma outra mulher branca
porém de mais idade que ela, aparece com seu rosto na porta entre aberta. Ela
diz que o paciente vai entrar, a mulher na cadeira arruma seus cabelos e ajusta
a saia para que não pareça tão vulgar. Não demora muito e um homem bem jovem
entra pela porta, branco com olhos pequenos e calmos, uma boca ligeiramente
grande e lábios finos, seus cabelos estão bem penteados e são pretos, veste uma
camisa social branca com uma calça preta e um par de sapatos novos e bem
engraxados. Sentando-se na cadeira, o homem olha para os dois lados, observando
o ambiente a sua volta.
-Então... senhor...?
–Diz a mulher encarando-o esperando uma resposta.
-Ah, Blackfield, John Blackfield. Mas me chame apenas de
John – O homem ainda continua olhando para os lados, analisando cada detalhe do
ambiente.
A mulher psicóloga o encara, analisando-o com cuidado para
seu diagnóstico.
-Pode me dizer por quê está aqui hoje? John...
- Porque meus... “amigos” e familiares... Que pergunta mais
idiota. Você sabe porque estou aqui, eu sei que em seus “papeizinhos”, está
escrito: Louco.
- Não, não está.
- Ah, está sim. Não pense que eu sou algum tipo de idiota.
Eu sei que eles vieram falar com você, e foi isso que lhe disseram. Mas... Eu
não vim aqui para uma consulta, ou para saber se sou ou não louco, ou que tenho
algum tipo de doença mental.
-Então por quê veio John?
-Eu estava entediado!
Há um silencio entre os dois, apenas a música de Vivaldi
toca no momento, ambos se encaram, e o homem sorri. A psicóloga olha as roupas
de John, roupas finas, de marcas famosas e caras –Um homem rico –Pensa a
psicóloga.
-Entediado? Por que decidiu reduzir seu tédio aceitando vir
até minha pessoa?
- Por que achei que seria interessante, sabe... Falar com
alguém que pensa, que pode realmente me entender.
- Eu jamais diria ou pensaria algo assim, você vai me ajudar
–A psicóloga é impedida de falar.
- Por favor não venha me dizer isso, está bem? “Ajudar a me
ajudar, ou me ajudar a me entender”, a partir disso você vai encontrar uma cura
para o problema que eu possa ter. Eu não tenho problema algum, as pessoas que
tem problemas.
A sala torna-se silenciosa, a psicóloga toma nota
enquanto John permanece em silêncio. Alguém bate a porta, e a psicóloga se
levanta para atender a porta, ela conversa com alguém, em silencio para que o
paciente não a escutasse, e tomando um pouco de distancia a psicóloga recebe um
papel das mãos de um homem. A porta então se fecha, e a mulher retorna olhando
o papel em suas mãos, faz uma breve leitura e então retorna a sua poltrona.
- Há! Você parece que tem boas notícias. Consigo ver em seus
olhos, me diz o que ele lhe falou...
-Ele? –Responde a psicóloga.
-A mão, eu vi a mão. Com pelos e aparentemente musculosas,
ela inclusive tremia...
-Muito bem observado, John. E é um mandado judicial, ele
contém seu nome e o nome de uma tal... –Levanta o documento. –Alice Stevens...
Explique-se.
- Oh, é uma velha amiga, nós costumávamos nos divertir muito
quando éramos adolescentes. Mas é uma pena que ela acabou tornando-se tediosa.
- E por quê essa jovem tornou-se tedi-
- Sinto muito.
- Sente muito pelo o quê John?
- Por seu filho... Ele aparente mente não está nada bem
ainda. Foi por causa dele que você seguiu essa carreira?
- Meu filho? Sim... Mas voltando a falar de você.
- Ah, sim, falar de mim. Eu gosto que falem de mim. Eu sou
interessante , não sou?
A psicóloga faz uma anotação.
- Por favor, senhorita. Não escreva algo que eu já sei.
“Narcisista”, isso todos sabem, e você acha que isso vai afetar em meu
diagnóstico?
Toma-se o silêncio na sala, ambos se encaram como se
estivessem estudando um ao outro.
- Está bem, eu digo por quê ela acabou se tornando tediosa.
Ela...
- Ela o quê John?
- Ela decidiu ser boa e normal. Não gosto dos normais, os
normais são chatos e repulsivos. Mas o seu filho... Ele é muito interessante.
Continua do mesmo jeito?
- Não diga mais nada sobre meu filho.
- Ah sim, doutora. Dói não é mesmo? Infelizmente ver seu
filho tornar-se o que se tornou, esse ser fraco com atitudes fracas, realmente
sinto muito.
O silêncio toma a sala, e John encara a psicóloga agora
instável, ele conseguira o que queria, os únicos sons a se ouvi eram o da
respiração da psicóloga como uma tentativa de acalmar-se. Mas logo ela é
interrompida por uma batida na porta, era a sua secretária informando o seu
próximo paciente.
- Muito bem John. Nossa sessão terminou-
- Não doutora, não faça o que eu sei que vai fazer.
- E o que você pensou que eu iria fazer?
- Você me reencaminharia para o doutor Harris... Mas ele
morreu.
Continua...
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