Crepúsculo de outono
Indescritível é
Oh, sim
O quão é indescritível
Minha existência
Fútil existência...
Clamai aos ventos
Que bailam entre as árvores ao crepúsculo de outono
Observando e chorando
Ao lembrar de vosso rosto
Embaixo das estrelas
Respiro em fundo a minha fútil existência
Inegável é, minha existência fútil
Dolorosos ventos frios
Os ventos frios do crepúsculo de outono
Dilaceram meu coração enquanto tremo
Perante tua imagem em minha mente perturbada
E enquanto tremo, digo-te, em mais alta voz...
“Quem tu és? Dama de preto que tem o mais belo sorriso?
Fizeste-me cair em
vossos pés
No crepúsculo de outono, com ventos gelados como o toque dos
mortos
Por que estou a desejar vossos lábios?
Tua beleza é incomparável
Tão incomparável quanto a própria deusa Afrodite...”
Nada acontece quando digo tais palavras
E por fim, ouço os corvos a voarem pelos céus escuros
E em meio as árvores tão tenebrosas
Uma sombra macabra está a caminhar em minha direção
Tremo diante dela, tremo e sinto-me envergonhado
Sou um moribundo, com desejos profundos de um coração
melancólico
Minha alma está afogada em minhas mágoas
E sufoco-me por ver-te
Sou tão patético, que minhas lágrimas ao tocar a grama
molhada
Mata a vegetação por cada lágrima ser tão repugnante
Mente escura e perturbada a minha
De nada serve a não ser criar ilusões
Isto é minha loucura?
Tua imagem ainda perante a mim
Tua pele branca a ser iluminada pelas estrelas
Uma santificação decadente da mais alta beleza
Temo ao toca-la, temo estragar vossa beleza
Desejada por tantos outros, e eu sendo apenas mais um a
deseja-la
São tantos os outros a deseja-la, mas sou o único a escrever
sobre ti
E o quanto és magnifica e sublime
Que dor mais intolerável
O quanto ainda tenho que suportar?
Pois desejo-te
Próximo a mim
Bem ao meu lado
Está alguém a segurar uma foice
Seu rosto cadavérico é reconfortante
Que bela música ouço...
Maravilhosa sinfonia
Tocada pela foice ao rasgar minha pele
Grito no mais alto som
Estou a gritar e gargalhar
Enquanto meu sangue queima em minhas veias
Grito e gargalho embaixo das estrelas
Sob o crepúsculo de outono
Grito por minha pele rasgada
Choro por essa dor
Que é incomparável a dor em meu coração
Sua imagem tremula entre o sangue a jorrar
Vosso rosto a sorrir, deixa escapar uma lágrima de incerteza
O rosto cadavérico da morte é acompanhado de um sorriso
Aquele rosto cadavérico que sempre observara em espelhos
O mesmo rosto que sempre toquei
O mesmo rosto ao qual eu barbeei
E que sempre disseram ser igual ao de meu amado pai
Sorri enquanto corta-me pela metade com a foice
Corta a minha barriga
E o sangue jorra
Mas de minha barriga não saem intestinos
De minha barriga rasgada saem flores pretas
De minha barriga rasgada, saem borboletas negras...
Caio em fim na grama molhada
E o brilho de meus olhos se esvai com minha alma
Que perambula na escuridão melancólica
Que vaga entre os túmulos da vida
E deixo a ti, minha dama...
Uma ultima mensagem...
Que sussurrei a tua imagem em meu último suspiro
“No crepúsculo de outono, os ventos sopravam forte
Neste crepúsculo, a vi tão bela quanto jamais vira antes
E agora navegarei em mares escuros pensando em ti
Lembrai de mim, quando a primeira estrela aparecer
Pois essa estrela, nomeei com vosso nome
Meu corpo sangra encima da grama molhada
Que morre por meu sangue ser tão podre
Desejei ser tão nobre, mas não fui nobre o suficiente para
ver-te feliz em meus braços...
E no crepúsculo de outono minha alma foge
E com uma ultima lágrima a escorrer...
Digo com palavras mais sinceras
Que cada momento que passei com tu, minha mais bela dama
Foram alguns dos momentos mais verdadeiros que passara em
uma vida inteira...”
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